1. |
velho mundo
01:14
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__ velho mundo
o canhão, a pólvora e a hóstia
apontando no peito do bárbaro
do preguiçoso, do iletrado
a prostituta e o louco
o negro e o índio
afeminado, boêmio
selvagem
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2. |
o monstro
04:06
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_ o monstro
o monstro que a cidade se tornou,
o monstro que eu me tornei
toda glândula tocada pe fusão
todo asfalto, todo deserto, toda vertigem
todo asfalto é deserto
e eu queria entender esse fogo que sobe descendo que desce subindo
o caos ainda em movimento
o arco-íris da gravidade
o lilás se apaga
o esconderijo é maciço
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3. |
epitélio
05:51
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__ epitélio
hotel são pedro e o par
a paisagem refletida no monitor
hotel são pedro e o mar
a loucura do espelho fazendo sobrepor
no vidro, vivo
no virtual, vivo
morto retrato no fundo
hotel são pedro e o mar
morto vivo, vivo
um pássaro passa e rasga a paisagem que divide a tela
desconecto
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4. |
praia do japão
03:27
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__ praia do japão
para criar flores que não existem
o espinho e o veneno da minha cabeça
dando cor a folhagem
derrubando muros
invadindo cercas
sobrepondo construções rígidas
fixas
feito areia
duna
árvore frondosa
selvagem de longas raízes cravadas na terra até chegar no japão
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5. |
a peste
05:09
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__ a peste
oi, eu só queria te dizer que eu tenho pensado na peste
e nas milhares de baratinhas francesas do apartamento da álvaro de carvalho
subindo pelas paredes
pela borracha da porta da geladeira
habitando a minha vida. Imortais
anunciando que é impossível ser feliz
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6. |
folha cortada
01:27
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__ folha cortada
é folha cortada, meu amor
a unha encravada no peito
o beijo de despedida no seio
o pisca alerta no concreto
a podridão da burguesia
filho de uma sociedade que matou a índia
lagoa abondonada
iracema esgoto salgado
gosto amargo de saudade
aqui jaz
um forte
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7. |
romantismo
05:29
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__ romantismo
...é um gato brincando com a barata
por favor, não parta meu coração
com a faca de cozinha
você partiu
e me deixou sozinha
toda vez que tua palavra me bate
um veloz carro parte
na contramão
um carro de polícia
e eu também sou a isca
folhas caídas prometidas pro outono
um cão sem dono
é uma imagem tão clichê
disse que mais tarde ia voltar
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8. |
susto
05:30
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__ susto
o que nos importa que se fecha a porta
por esse caminho ninguém quer passar
é muito grande a dor, um sofrimento enorme
um susto
que se feche as contas bancárias
que se fale de bem ou de mal
que se brinque na areia da praia
que se retorne ao planalto central
nada disso importa, alegria morta
nada disso importa, alegria
por ela sentiu febre a noite inteira
saiu e não deu bolas pra ninguém
pela menina lá da rua da virada
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9. |
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eu vou caminhar
nas ruas da minha cidade
vou estar lá, pois lá
eu sei que vou me sentar
numa mesa de bar
pra tomar todas e conversar
e vai ser fácil
pois em todo lugar
sempre tem alguém querendo se comunicar
e eu não vou estar mais só
nem vou mais lembrar dos seus beijos
mesmo que eu fale deles
mesmo que eu só queira eles
e...quando a madrugada chegar
e eu estiver
voltando pra casa sozinha
eu sei que tu vais voltar
nas rebarbas das minhas lembranças
só pra me fazer chorar
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10. |
homem de bem
05:14
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__ homem de bem
uma tarde quente como todas as outras na cidade de fortaleza
enquanto eu circulandô a praça portugal
um índio pelado no alto da torre aponta a flexa
atira e acerta na testa do homem de bem
uma tarde quente como todas as outras
enquanto eu fortaleza
pelada na praça
atiro no homem
no homem de bem
morte súbita
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